Uma pequena igreja do estado norte-americano do Kentucky decidiu não aceitar como membros casais inter-raciais. A decisão causou forte reação e desaprovação de diferentes grupos cristãos nos Estados Unidos.A decisão tomada pela Igreja Batista Free Will de Gulnare aconteceu depois que Stella Harville, 24, filha de Dean Harville, secretária da igreja, levou ao culto o noivo. Stella está fazendo mestrado em engenharia ótica em uma faculdade de Indiana, onde conheceu Ticha Chikuni, 29, que nasceu no Zimbábue.
Os dois foram à igreja dela nas férias de julho. Ele tocou piano enquanto ela cantava o hino “I Surrender All” . As cerca de 40 pessoas presentes ao culto aplaudiram e tudo transcorreu como de costume.
No mês seguinte, Melvin Thompson, que fora pastor daquela igreja por muitos anos, disse à secretária da igreja que sua filha e o noivo não poderiam cantar na igreja novamente. Stella cresceu na igreja e foi batizada lá, mas atualmente não era membro. O pastor não conseguiu deixar claro seus motivos, mas a proibição foi mantida.
Pouco tempo depois, Thompson deixou o cargo de pastor, alegando questões de saúde, mas continuou frequentando a igreja. Ele nunca mudou de ideia sobre o assunto.
Quando a nova pastora, Stacy Stepp, assumiu, disse que o casal poderia cantar na igreja, se desejasse, lembra Dean Harville.
No início de novembro, Thompson propôs que a igreja votasse um pedido seu para que, embora todas as pessoas fossem bem-vindas nos cultos, a igreja não devia permitir casamentos inter-raciais. A proposta também deixava claro que “pessoas de tais casamentos não poderiam ser recebidas como membros, nem participarem do grupo de louvor ou exercer cargos”.
A justificativa do ex-pastor é que “não pretendia julgar a salvação de ninguém, mas visava promover uma maior unidade entre o corpo da igreja e a comunidade onde servimos”, diz a cópia da ata fornecida ao jornal Herald-Leader.
Os membros decidiram colocar o assunto para ser votado pela igreja toda. No domingo passado, nove pessoas votaram a favor da proposta e seis votaram contra. Muitos outros membros estavam presentes, mas não quiseram participar da votação.
Dean afirma que a decisão foi motivada por racismo e fez um grande mal à igreja, à comunidade entristeceu até mesmo a Deus. “Com certeza não é uma atitude cristã. É somente o diabo trabalhando”, explicou a secretária da igreja.
Melvin Thompson, que hoje é dono de uma loja de ferragens, explicou ao jornal Herald-Leader que sua proposta foi retirada do seu contexto, mas se recusou a comentar o assunto.
Stella Harville disse que foi doloroso saber que alguns membros de sua família apoiaram a igreja nessa decisão.
Centenas de pessoas já manifestaram seu descontentamento com a decisão na página do jornal na internet. Depois de ter sido noticiada pela TV em um jornal de alcance estadual, os protestos aumentaram, principalmente em redes sociais.
A associação de pastores local disse que as reações dos demais evangélicos da cidade têm incluído “desgosto” e “descrença”.
“A maioria de nós pensou que isso era coisa de um passado distante”, disse Randy Johnson, presidente dos pastores locais.
A pastora Stacy Stepp limitou-se a comentar que não há nada na Bíblia que proíba o casamento inter-racial e que, embora respeite a decisão da igreja, está profundamente magoada com o que aconteceu, pois “Jesus ama todas as pessoas”.
Anthony Hite, 28, membro da igreja batista, votou contra a proposta e lembra: “Deus nos disse para amar a todos. Só porque alguém tem uma cor de pele diferente, isso não é motivo para não amá-lo do mesmo jeito.”
Dean Harville disse que pediu para que a convenção das igrejas batistas do Kentucky anule a votação. Mesmo se isso acontecer, sua filha Stella já declarou: “Eu acho que nunca mais serei capaz de voltar para lá”.
Traduzido e adaptado por Gospel Prime de Kentucky e Spl Center
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante.
Deixe seu comentário.