quarta-feira, 14 de março de 2012

“Querem implantar Inquisição Evangélica no Brasil” movimento gay acusa, através de um manifesto.

Movimento gay lança manifesto contra a “homofobia evangélica” e acusa: “Querem implantar Inquisição Evangélica no Brasil”
Um manifesto divulgado no blog “Missão Pró-LGBT” mostra a articulação que entidades ligadas ao ativismo homossexual estão organizando para aumentar os protestos contra os evangélicos no país.
No texto publicado a organização afirma que “o principal objetivo desse manifesto é se focalizar na homofobia dentro do contexto evangélico brasileiro dos últimos anos”. As críticas aos evangélicos se estendem ao que o texto define como “interpretações literais da Bíblia por grupos fundamentalistas evangélicos para impor o seu estilo de vida religioso à toda sociedade civil brasileira”.
O manifesto foi escrito por um ativista homossexual que embora não se identifique, apresenta-se como cristão evangélico com “formação teológica em um seminário batista”, e que afirma que a constatação de que o “Brasil é o país que mais mata gays no mundo” foi a motivação para a iniciativa de organizar a “Missão Pró-LGBT”.
As criticas mencionam o pastor Silas Malafaia, por sua postura polêmica na crítica aos ativistas homossexuais: “Enquanto afirmam: “amamos os gays”, pastores midiáticos famosos conclamam multidões para “baixar o porrete em cima dos gays, para esses caras aprender” (Sr Silas Maldafala) -sic- em plena rede de TV nacional. Enquanto dizem: “amamos os gays, dizem que tem o direito de xingá-los de bichas, veados, imorais, promíscuos, pedófilos, aliciadores de menores, traficantes e de bater nos gays ou até matar sem receber pena aumentada por discriminação”.
O texto não se restringe a criticar os princípios cristãos contrários à homossexualidade, mas também aponta a teologia da prosperidade como uma das características hostis da igreja evangélica no Brasil: “Em seus cultos, o principal a ser anunciado não são os valores. O que mais é destacado são as “conquistas”, os “milagres”, as “bênçãos”, os carros e casas novos, as “curas”, e na grande maioria das vezes não se vêem ser pregados valores como amor, bondade, tolerância, misericórdia, altruísmo, justiça”.
No âmbito político, a atuação dos parlamentares da bancada evangélica é criticada severamente pelo manifesto, que acusa deputados e senadores cristãos de quererem implantar a “Inquisição Evangélica”. Segundo o texto, a suposta inquisição estaria sendo “implantada não por papas medievais, mas pela ‘moderna’ ‘bancada evangélica’, que querem se utilizar dos recursos do Estado para fazer sua evangelização e  transformar o Estado num Instrumento de Salvação Compulsória, garantindo assim que todos os brasileiros tenham a ‘salvação’ da alma ‘melhor assegurada’ – longe dos  gays”.
Confira abaixo a íntegra do “Manifesto contra a homofobia evangélica”:
MANIFESTO CONTRA A HOMOFOBIA EVANGÉLICA
Porque tanta homofobia no contexto evangélico brasileiro?
O principal objetivo desse manifesto é se focalizar na homofobia dentro do contexto evangélico brasileiro dos últimos anos. Apesar de reconhecer a importância de se falar também na homofobia dentro do contexto da Igreja Católica. Mas os principais motivos para não entrar nesse assunto agora é que a própria essência da teologia católica a respeito da sexualidade está estagnada no tempo a “mil anos”! Então, como iniciar um diálogo sensato sobre a homossexualidade com uma teologia que considera o sexo exclusivamente para a reprodução, proíbe a utilização de camisinha aos seus fiéis, não aceita o divórcio e exalta o celibato como ápice da piedade e santidade?
Por outro lado, a teologia protestante ou evangélica, apresenta-se “um pouco” mais aberta à discussão. Nela há possibilidade de questionamento, apesar de pouca. Esse é um dos motivos pelo qual restringi a falar especificamente da teologia e igreja evangélica. Não só por isso, mas principalmente porque me sinto mais a vontade, sendo cristão evangélico, estudioso da Palavra e ter minha formação em teologia em um seminário batista; O tema da homofobia me convocou especialmente por ser gay e conviver com bullying’s e violências homofóbicas diariamente há anos. Além disso, a pesquisa feita na USP, pela Fundação Perseu Abramo e coordenada pelo professor Gustavo Venturi em 2009, mostra que os evangélicos são os religiosos mais homofóbicos no Brasil. Entre os religiosos que têm tendência a comportamentos homofóbicos, os evangélicos lideram o ranking com 31%, contra 24% dos católicos, 15% dos praticantes do candomblé e 10% dos kardecistas.
Diante de tal violência em nome de Deus, resolvi abordar os dois temas ao mesmo tempo: homofobia e a igreja evangélica, ou como prefiro chamar: “homofobia cristã evangélica”, que atinge não só os gays cristãos, mas à sociedade em geral.
Resolvi utilizar esse termo especificamente, porque acho mais apropriado, uma vez que se verifica entre os religiosos, uma particularidade na homofobia. Poderia se dizer que homofobia cristã evangélica nada mais é que a utilização de interpretações literais da Bíblia por grupos fundamentalistas evangélicos para impor o seu estilo de vida religioso à toda sociedade civil brasileira. Ou seja, alguns líderes oportunistas querem impor à sociedade um jugo que nem os próprios cristãos conseguem carregar, como os próprios fariseus e religiosos faziam nos tempos de Jesus, e que Jesus combatia veemente.
Me espanto sempre com a homofobia no Brasil a cada vez que vejo e revejo reportagens e noticias sobre violências contra homossexuais na mídia, quando ouço muito mais fatos através de amigos, quando fico sabendo que o Brasil é o país que mais mata gays no mundo e principalmente quando eu mesmo sofro “na pele” com o preconceito. Preconceito que nos atos mais sutis de sua manifestação, são por vezes os mais dolorosos: são aqueles que quando pessoas especiais de repente mudam completamente sua relação com você pelo simples fato de tomar conhecimento de sua orientação sexual, o que ocorre principalmente entre os “irmãos” evangélicos.
Como ultimamente tem crescido o avanço do ódio e a luta contra os direitos das pessoas lgbtts, tendo como carro chefe a bancada de religiosos na política e pastores midiáticos vendedores de bugigangas milagrosas, decidi escrever esse artigo, até mesmo como estratégia de desabafo, o que na psicanálise poderia ser chamado de sublimação.
Não são raras as vezes que me deparo meditando e buscando entender: Porque tanta homofobia no meio evangélico? Eu realmente questiono isso porque quando eu leio os evangelhos, os ensinamento de Cristo e vejo seu exemplo, me esforço para ser um discípulo Seu. E como um discípulo dele, eu procuro sempre me olhar com atenção para os excluídos e com os que sofrem, assim como aprendi com o Mestre através das Escrituras e do meu relacionamento pessoal com ele. A parábola do Bom Samaritano apresentada por Jesus, é a que mais descortina a situação de desamor que vivemos hoje com a Igreja de Cristo em relação aos gays no Brasil. Como na parábola, os sacerdotes e levitas passam de largo ao ouvir os gritos dos gays quando precisam, e mais do que isso, os acarretam com mais sofrimentos. Então aparece outro em cena, o Bom Samaritano, alguém que não era considerado pelos religiosos como um bom religioso, e ele ajuda o ferido, necessitado e injustiçado, sendo este Samaritano, figura de alguém que ama o seu próximo, ao contrário dos sacerdotes e levita ocupados com suas próprias mesquinharias.
O discurso evangélico sobre os gays não muda, é sempre a mesma hipocrisia velada: Amamos os gays, MAS não aceitamos a prática do homossexualismo – termo médico referente à doença já abolido pela medicina e usado ainda pelos “fariseus”. Continuam dizendo: “Amamos os gays, assim como também amamos os assassinos, os ladrões, os estupradores, os pedófilos, etc. Desculpe, o dito amor está muito distante de ser verdadeiro, ao comparar com criminosos: é como se fosse um amor de segunda classe: “com um amor amo minha mãe, família, igreja e amigos, com outro amo os assassinos, ladrões, pedófilos e gays”. Enquanto afirmam: “amamos os gays”, pastores midiáticos famosos conclamam multidões para “baixar o porrete em cima dos gays, para esses caras aprender” (Sr Silas Maldafala) em plena rede de TV nacional. Enquanto dizem: “amamos os gays, dizem que tem o direito de xingá-los de bichas, veados, imorais, promíscuos, pedófilos, aliciadores de menores, traficantes e de bater nos gays ou até matar sem receber pena aumentada por discriminação. Tais “evangélicos” dizem que amam, mas usam o ódio contra os homossexuais como pretexto (evangélico vota em evangélico) para eleger candidatos a fim de evitar que um grupo tenha direito de ter seus direitos de cidadão assegurados no seu país.
Diante de tantos motivos para indignar qualquer “pessoa de bem” desse país contra essa “igreja” “amorosa”, tentei elencar alguns fatores sociais que talvez pudessem explicar porque o Brasil, mesmo sendo considerado o país mais cristão do mundo, o país é campeão em matar gays e lgbtt no mundo; à frente inclusive dos países muçulmanos que tem leis para matar gays e mulheres em praça publica. Não só isso, mas por que o ódio e a violência na população brasileira contra os gays e lgbtts, não tem diminuído, mesmo com a ascensão econômica dos últimos anos, a qual colocou o Brasil em 6° lugar no ranking dos países mais ricos do mundo?
Primeiro faz-se necessário lembrar que historicamente o Brasil é um país de tradição católica, desde a sua colonização. Fato que poderia nos indicar uma forte tendência moral e ética religiosa no povo, mas sabemos que não é assim. Pois por mais que o Brasil seja o maior país católico do mundo, a corrupção, a prostituição, a pobreza e outras mazelas sociais ainda estão presentes no país.
Dentro desse contexto, nasce outro fenômeno religioso no país: o surgimento do movimento protestante. Que poderia se dividir em três grupos, em três tempos distintos. Inicialmente vê-se o protestantismo das igrejas históricas com presença maciça de missionários vindos do exterior. Depois o crescimento espantoso dos pentecostais, principalmente nas classes mais baixas, e por último, o surgimento dos neopentecostais nos últimos 30 anos, com as mega-churchs que arrastam as massas através da mídia.
Segundo estimativas do IBGE com a Fundação Getulio Vargas, até 2009 a população evangélica no Brasil era de 20,2 %. Estimativas da SEPAL (Superintendência de Evangelização para a America Latina) afirma um numero maior: um pouco mais de 30%. A estimativa de crescimento da fé evangélica é de 50% para a próxima década. A maioria dessa população são novos membros advindos do catolicismo, que aderem à nova religião por promessas melhores que as da religião anterior: ao invés de vida humilde na terra e um gozo na eternidade pregado pelos católicos em suas missas de tom fúnebre, os evangélicos, em seus “shows de fé” inundados pela teologia da prosperidade, pregam a sedutora teologia da prosperidade, com promessas de uma vida de gozo, dinheiro e felicidade na terra, onde a eternidade encontra pouco espaço ou nenhum para ser pregado.
Tendo em vista o crescimento dos evangélicos e ao mesmo tempo do retrocesso nas conquistas para garantia de direitos aos homossexuais, encontro alguns fatores pelo qual considero que favorece a homofobia cristã evangélica de crescer:
O primeiro fator que favorece a homofobia cristã evangélica é que em seus cultos, o principal a ser anunciado não são os valores. O que mais é destacado são as “conquistas”, os “milagres”, as “bênçãos”, os carros e casas novos, as “curas”, e na grande maioria das vezes não se vêem ser pregados valores como amor, bondade, tolerância, misericórdia, altruísmo, justiça. Um dos motivos para isso é que para receber as “bênçãos” de Deus, o fiel não precisa atentar para seu comportamento ético, precisa apenas dar seu dízimo sagrado, entregar ofertas com altos financeiros, como por exemplo, o valor do aluguel de sua casa, e comprar livros e CDs de pastores “ungidos” que passam em qualquer operadora de cartão de crédito, inclusive os cartões gospel’s e das “igrejas” com selo Visa e Mastercad.
Além de não se pregar ensinos que valorizam o ser humano, um segundo fator constatado por pesquisas, que poderia explicar a intolerância e violência por parte de evangélicos contra os gays é que os evangélicos fazem parte em sua maioria de outro grupo onde ocorre maior numero de atitudes preconceituosas contra lgbtts: o grupo que apresenta menor índice de escolaridade. Esses foram os resultados encontrados na pesquisa realidade pela Fundação Perseu Abramo, coordenada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Venturi, que intrevistou 2000 pessoas em todo Brasil em mais de 150 cidades. A pesquisa mostrou que quanto mais anos de estudo, menos homofobia, ou seja, enquanto entre os que nunca frequentaram a escola o índice de homofóbicos é 52%, no nível superior é apenas 10%.
É triste constatar que a união de religiões fundamentalistas que interpretam livros sagrados de maneira literal (“ao pé da letra”) junto com uma população com poucos recursos educacionais forma a simbiose perfeita para a proliferação da homofobia e de atrocidades feitas em nome de Deus. É muito comum você entrar em uma igreja evangélica e ouvir um sermão com interpretações distorcidas, baseadas em textos isolados, sem contextualização do texto lido e bom uso da teologia e hermenêutica – ciência de interpretação bíblica – além de uso de traduções errôneas de palavras bíblicas dos originais como a NVI e Bíblia na Linguagem de Hoje.
Essa constatação poderia levarmos nos levar à hipótese de que os evangélicos estariam apenas reproduzindo as opiniões preconceituosas e o senso comum já circulante em seu próprio meio social.
Todavia, não podemos associar que essas mazelas sociais promovem a homofobia. Mas constatamos que essa doença chamada homofobia alimenta-se de pouca educação, e pouco acesso à cultura, da mesma forma que gripes e infecções acometem mais facilmente pessoas fragilizadas por acesso restrito a recursos sanitários, má alimentação e hábitos de higiene negligentes.
O terceiro fator que propaga a homofobia cristã evangélica, e que talvez seja o mais influente: São os pastores midiáticos (oportunistas) e as bancadas religiosas no Senado e no Congresso, os quais oferecem um banquete de acusações como os de “fariseus aos pecadores”, cozido no molho do sangue das vítimas lgbtt’s brasileiras. Estes fazem uso das televisões e das rádios de concessão pública, para arrebanhar milhões de fiéis em concentrações religiosas, verdadeiros currais eleitoreiros, recolher ofertas altíssimas, vender milhares de cds, livros, Bíblias com estudos e toda quinquilharia gospel comerciável possível com preços abusivos. Se usar de má fé ao pregar uma teologia da prosperidade que abusa do bolso e da mente das pessoas já não bastasse, tais líderes religiosos se lançam na mídia como heróis e protetores da igreja evangélica brasileira. Se intitulam bispos, apóstolos, anciãos, pastores presidentes, encarregados de protegerem a igreja das contaminações do mundo e do diabo.
O que na verdade os tais líderes religiosos televisivos fazem não é pregar o evangelho à todos, mas sim, elegerem seus candidatos “ungidos” e “honestos” na maioria das vezes pop stars Pastores e Cantores e controlar rigorosamente os votos do curral evangélico para fazer politicagem suja com trocas de favores ilícitos e assim restringir o direito da maioria dos cidadãos brasileiros de poderem seguir a orientação sexual que sentirem vontade.
Esses pastores da morte, concentram seus esforços para barrar todo e qualquer tipo de projeto de lei que tente assegurar o casamento igualitário para gays, a saúde (campanha contra a AIDS para a população lgbtt) a vida, PLC 122 que pune crimes de violência física e moral por motivação de ódio contra homossexuais –  a qual foi apelidada maldosamente de mordaça gay pelo Sr. Silas Maldafala, barram o ensino à tolerância à diversidade de orientação sexual nas escolas (apelidado de kit gay) além de incentivar publicamente ao ódio contra lgbtts ao rotular essa população como imorais e classificá-la ao lado de ladrões, prostitutas, pedófilos, pederastas, zoófilos, traficantes entre outras coisas, quando não conclama os povo a “baixar o porrete em cima dos gays” (Sr. Silas Maldafala).
Dessa forma, tais líderes com super poderes (poderes políticos e religiosos) querem impor uma verdadeira ditadura aos que não professam qualquer identificação com seus pensamentos mesquinhos, desumanos e preconceituosos. Não respeitam a laicidade do Estado e os direitos dos que não são evangélicos. Eles querem que todos sejam heterossexuais, para irem todos para o céu, mesmo que a maioria da população não queira ser evangélica, ou ir para um céu preconceituoso, onde não entra quem não é evangélico. Fica de fora até mesmo alguns evangélicos, se eles forem gays, lesbicas, transexuais ou transgênero.
Esses líderes, que exercem uma liderança marcadamente autoritária, não abrem espaço para o diálogo para os cristãos que não concordam com a teologia da homofobia cristã evangélico, mas impõe seu pensamento com mão de ferro, excluindo qualquer um de sua comunidade ou do paraíso futuro que questione o fator que parece ter sido transformado no fator principal que diferencia quem é evangélico de quem não é: o fato de aceitar ou não que ser gay é abominação e digno de toda rogação de praga, pedra e condenação, tanto nessa vida quanto na futura. Fazendo isso, julgam como se juízes fossem.
Além disso, ao querer proibir a união estável entre pessoas do mesmo sexo e do casamento civil e outras leis que protegem os direitos constitucionais dos LGBT’s brasileiros, suas ações anti-democráticas tem objetivo de obrigar LGBT’s a viverem na heteronormatividade, tirando assim o livre arbítrio das pessoas, algo que nem o próprio Deus não faz. Essas ações parecem revelar as mesmas intenções da Antiga Santa Inquisição Católica: quem não “engole cegamente toda a verdade cristã católica, é perseguido, morto, e o mais importante: tem seus bens materiais roubados pela Linda Igreja”. Essa nova versão da Inquisição, poder-se-ia muito bem ser batizada de “Nova Inquisição Evangélica”. Dessa vez, implantada  não por papas medievais, mas pela “moderna” “bancada evangélica”, que querem se utilizar dos recursos do Estado para fazer sua evangelização e  transformar o Estado num Instrumento de Salvação Compulsória, garantindo assim que todos os brasileiros tenham a “salvação” da alma “melhor assegurada” – longe dos  gays.
Esses “pregadores da DesGraça” enchem a boca para falar do fim do mundo e de como é a estratégia do demônio para dominar o mundo e a resposta é simples: enchendo a terra de gays, aos quais destruiriam as famílias, por acabar com a reprodução de pessoas. Apesar de ser ridículo, muitos acreditam nessa fábula. Tudo teria sido um plano arquitetado pelo próprio Satanás articulado nas profundezas do inferno para colocar um anti-cristo gay no controle do universo para desafiar a Deus e à Igreja.
Pois bem, apesar de alguns não se importar, muitos gays, lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros sofrem com a violência divulgada e propagada pela “igreja”. Acho que a Igreja tem um lado maravilhoso de trazer coisas boas para essa terra. Mas nem por isso, podemos deixar de denunciar os erros por ela cometidos. Assim como Lutero, Calvino, Zwinglio e outros reformadores trouxeram luz para uma Igreja mergulhada na escuridão há 500 anos. Hoje a Igreja hoje precisa olhar mais uma vez para a cruz e ver o Amor de Deus que foi de se sacrificar em favor do mundo e não em julgar o mundo, condená-lo, e lançá-lo no inferno. Pois para isso, já existem os “fariseus” de plantão e a hora certa disso acontecer de fato pertence a Deus. A Igreja tem uma obrigação ética de abordar o assunto, repensar e agir efetivamente, levando em conta uma sociedade em momento de transformação. Ao invés de cometer o erro de barrar a evolução da sociedade, como fez ao barrar a ciência na Idade Média, deveria ser pioneira e incentivá-la à maior tolerância, amor e bondade como fez a Reforma Protestante ao criar o modelo de escolas e universidades que temos até hoje.
Diferente do que dizem os pregadores da desgraça, oportunistas de plantão, nenhum gay ou lésbica ou transexual quer obrigar que as pessoas os aceitem como religiosamente correto, mas quer ser aceito pela sociedade (não pela igreja) como um cidadão que tem acesso aos mesmos direitos que qualquer outro: quer viver sem medo de ser morto por ser gay, sem sofrer agressões físicas ou verbais por ser gay, ter acesso à saúde, planos de saúde, acesso aos órgãos da justiça quando forem constituir família, acesso à educação sem sofrer bullying durante toda a formação escolar, enfim, não ter nenhum direito restrito pelo fato de ser gay, assim como ninguém pode ter nenhum direito civil restringido no Brasil pelo fato de ser adepto dessa ou daquela religião, ou mesmo de nenhuma.
Acho que sou realista ao pensar que isso demandará muito tempo para mudar. Mas certamente demandará mais se ficarem todos de braços cruzados.
O povo brasileiro em geral e também o curral religioso, excluídos da política, cultura, educação, saúde e outros direitos, me lembra muito aquela musica da abertura da novela global Rei do Gado, onde mostravam os lindos pastos verdejantes preenchidos pelos rebanhos bovinos que corriam desesperadamente numa só direção ao som da musica: “ooo vida de gado, povo marcado, povo feliz”. Que esse rebanho de Deus, em algum momento perceba que é necessário, acima de tudo respeitar o próximo – se não conseguem simplesmente amar como Cristo ordenou. E isso implica em cada um cuidar da sua própria salvação e não em obrigar os outros a aceitar as suas opiniões, que muitas vezes caem em agressões verbais e físicas, ao invés de demonstrações de amor e ternura como bem cabe a um cristão. Se querem salvar a alma dos brasileiros, que sejam dando o exemplo de amar e respeitar as pessoas, e não obrigando que elas sejam perfeitas, como elas se julgam ser, com atitudes hipócritas como essas.
Manifesto contra a “Homofobia Evangélica”
21 de fevereiro de 2012, Belo Horizonte – MG
Fonte: Gospel+

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