terça-feira, 12 de julho de 2011

Psicólogo cristão dá dicas de como ensinar sobre sexo aos jovens

Desde que o aborto foi legalizado nos EUA em 1973, foram registrados mais de 45 milhões de abortos. Esta perda de vida humana é equivalente ao número de pessoas exterminadas na repressão de Stalin na União Soviética ou à perda de vidas na China comunista de Mao. Estas são estatísticas que já usei em outros contextos para demonstrar a profundidade da perversidade humana.
O que as igrejas podem fazer para reduzir o aborto? A resposta de igreja precisa ser multifacetada:
- Precisamos educar, moldar nossos jovens e todas as pessoas. Os Cristãos Evangélicos precisam aprender a celebrar e abraçar sua sexualidade, vivendo esta sexualidade em santidade, não abrindo espaço para o aborto.
- Precisamos criar comunidades que apoiem as responsabilidades e a restrição sexual para os solteiros adultos em nosso meio, que se perdem tão frequentemente na cultura do “mercado da carne”.
- Precisamos formar na consciência das pessoas de nossa comunidade a questão do valor da vida humana.
- Precisamos capacitar membros da igreja para se tornarem cidadãos articulados que compreendam as questões morais nas quais se enquadram as leis e a liberdade, mobilizando cidadãos que possam exercer seus direitos democráticos para moldar a lei do país.
- Precisamos apoiar aqueles que se mobilizam de maneira pensante, testemunhas efetivamente proféticas contra a morte de seres humanos “indesejados”.
- Precisamos ampliar nossos trabalhos de compaixão com crianças que precisam de adoção para que tenham alternativas viáveis de vida e sejam poupados do aborto.
- Precisamos nos empenhar em criar caminhos para que pessoas escapem da pobreza, do sentimento de desesperança e desamparo que é tão comum hoje em nossa cultura.
- Precisamos contribuir para o fortalecimento do casamento e fortalecer o apoio das comunidades para pais e mães solteiros e famílias quebradas em uma época na qual os abortos são feitos em sua maioria não em adolescentes grávidas, mas em mulheres adultas, muitas delas que já tem um ou mais filhos.
- Precisamos orar sem cessar.
Esta é uma desanimadora lista de coisas a fazer. Vou focar nas primeiras ações, porque uma compreensão positiva e profundamente bíblica acerca da sexualidade é algo extremamente necessário nas igrejas evangélicas de hoje. Para uma comunidade que se orgulha por ser “bíblica”, é chocante enxergar a distorção do nosso foco sobre sexualidade. Uma visão bíblica sobre a sexualidade é profundamente positiva, atraente e profundamente arraigada no valor da vida, um paradigma sobre o qual devemos tratar a questão do aborto.
Evangélicos não são fundamentalmente contra o aborto – em nível mais básico, somos definidos por aquilo que somos a favor, mais do que por aquilo que somos contra. Somos fundamentalmente valorizadores da vida e da sexualidade, pois celebramos estas verdades que são nossas em Jesus Cristo.
Infelizmente, começamos a formação de nossos jovens tardiamente, de maneira ambígua e ineficaz.  Estamos presos a um paradigma de indiferença e negação quando pensamos sobre a sexualidade. Nossos pastores tem evitado o tema a não ser para rápidas mensagens, orientadas pela culpa e que contém a frase “diga não”. Para nossa tristeza, muitos líderes evangélicos fracassam ao tentar viver os padrões que proclamam e se tornam exemplos públicos de hipocrisia. Visões conflitantes sobre a sexualidade contribuem para que estes fracassos se tornem argumentos e seduzam a nossa juventude. As duas principais visões conflitantes acerca da sexualidade: em primeiro lugar, o naturalismo evolutivo. O ponto de vista do naturalismo, materialista, reduz a realidade ao físico. Sob este ponto de vista, o sexo não tem significado. Um slogan da psicologia evolutiva diz: “Uma galinha é apenas a maneira de um ovo fazer outro ovo”. O sexo seria algo puramente mecânico no qual os genes se reproduzem.
O naturalismo evolutivo é uma maneira fria de ver as coisas e, portanto é fácil compreender porque outro ponto de vista tem um apelo crescente. Eu vou chamá-lo de “formação de identidade pós-moderna”. Pensadores como Nietzsche e Foucault afirmaram que as pessoas estabelecem sua verdadeira personalidade quando rejeitam as normas da sociedade, particularmente na área da moralidade sexual. Nietzsche prometeu que a “Natureza” irá “entregar seus segredos” quando formos bem sucedidos em “nos opor vitoriosamente de maneira antinatural”. Foucault recomendou a “ética da transgressão”.
É parte da condição geral humana a ânsia por sermos nossos próprios deuses e construirmos nossas próprias realidades. D.H. Lawrence escreveu: “[Homens] vivem na feliz obediência daqueles que acreditam ser seus mestres ou vivem em real oposição ao mestre que querem vencer. Na America esta oposição tem sido um fator vital”.
Isto é Romanos 1 vivido de maneira prática como nunca antes. Hoje nos rebelamos não apenas contra os limites culturais e morais, mas também contra os limites biológicos de nossas realidades físicas, como nossos órgãos corporais e até mesmo nossa sexualidade masculina ou feminina. Nos rebelamos ao substituir Deus e seu chamado em nossa vida através de nossos comportamentos, preferências e identidades sexuais. O teólogo David Bentley Hart caracterizou o ideal moderno da autonomia pessoal: “Somos em primeiro lugar, consumidores insaciáveis e não podemos permitir que os espectros da lei transcendente ou a culpa pessoal nos tornem indecisos. Para nós, o importante é a escolha em si e não o que escolhemos”.
Um poderoso modelo contemporâneo da formação da identidade pós-moderna vem de minha organização profissional.  Ela afirma que algumas religiões trazem uma visão de que a vida é a luta para trazer a minha vida em congruência com algo maior e que vai além de mim. Em contraste, “modelos multiculturais e afirmativos da psicologia lgbt” tratam da vida como uma busca da congruência para o que experimentamos agora.
Em face a estes pontos de vista, que visão de sexualidade verdadeira, bíblica e positiva pode ser ensinada à igreja e pela igreja? Os elementos chave dizem respeito ao nosso corpo, nossa encarnação, sexual e em gênero, relacional, feitos à imagem de Deus, caídos e conflitantes, abençoados com significativas relações sexuais e a alma em construção.
 
1. Temos um corpo. Somos encarnados.
“Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gênesis 2:7).
Ser humano é ser uma criatura física e biológica. Cristãos enxergam toda a existência física, da grandeza do cosmos até a particularidade do corpo humano, como bondosa e boa criação de Deus. A existência física não é divina, mas é boa. A bondade do corpo, da encarnação, está baseada também nas doutrinas da Encarnação e da Ressurreição. Se Deus pode se tornar totalmente humano, a existência física não deve ser intrinsecamente má ou incompatível com a perfeita bondade. Da mesma maneira podemos apreciar nossa encarnação porque o estado final da humanidade redimida será na ressurreição, nossos corpos perfeitos. Somos mais do que corpos, mas somos corpos. Ao longo da história, a teologia Cristã caminhou de forma perigosa para longe desta verdade.
Na Antiguidade, a teologia Cristã foi moldada pela filosofia platônica e estóica e até mesmo conhecimentos gnósticos que denegriam o corpo. Durante o Iluminismo, muitos exaltaram a razão, que distanciou a experiência humana de outros aspectos.
Reações atuais contra a compreensão naturalista da natureza humana podem alimentar a mesma dinâmica. Ao invés disto, devemos afirmar que para sermos totalmente humanos é necessário ter um corpo, assim como devemos afirmar que nunca somos meramente físicos.
Como a nossa encarnação lida com o aborto? Muitos se impressionaram com a queda no número de abortos em adolescentes na última década. Alguns especulam que nada influenciou mais esta estatística do que a proliferação da tecnologia do ultrassom, na qual é possível visualizar o feto vivo e em movimento dentro da mãe. Este crescente conhecimento do que antes era considerada “a vida secreta do bebê” provocou um reconhecimento da nossa identificação e vida compartilhada com o feto. Saber que somos fundamentalmente e irrevogavelmente corpos, apoia à nossa compreensão de fetos e bebês como nossos irmãos e irmãs.
 
2. Somos seres sexuais.
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). “Deus viu tudo o que havia feito e tudo havia ficado muito bom” (Gênesis 1:31). Não somos seres físicos genéricos, mas somos seres sexuais e com gênero específico. Em algumas histórias de criações na antiguidade, os dois sexos eram vistos como um erro. As mulheres eram retratadas como formas deficientes de homens. Em oposição a isto, o Gênesis declara que a criação de Deus dos dois gêneros foi um propósito divino, ambos os sexos feitos “à imagem de Deus” e humanamente incorporados, masculino e feminino, as duas criações descritas como muito boas. Na Antiguidade, esta era uma visão radical.
Como isto está relacionado com o aborto? As Escrituras apresentam a possibilidade de ter filhos como uma benção. O sexo é fundamentalmente ligado à questão dos filhos. As questões entre o sexo e a procriação em nossa cultura contraceptiva, que prega o “sexo para recreação” tem distorcido profundamente a visão acerca da sexualidade.  As Escrituras também descrevem os prazeres físicos da união sexual (Provérbios 5) e relaciona o erotismo explícito com o amor romântico e a intimidade (Cântico dos Cânticos).
O apóstolo Paulo adverte aos homens e mulheres casados que satisfaçam as necessidades sexuais um do outro (1 Coríntios 7:1-6). Mas precisamos exercitar a cautela quanto a este assunto. As implicações concretas do sexo - a procriação, o prazer físico e o erotismo, a necessidade sexual - estão ligadas à união física que foi intencionada por Deus aos casados, mas os solteiros não são seres menos sexuais do que os casados. O próprio Senhor Jesus é um exemplo de uma existência sexual completa como um homem hebreu, mas sem a união sexual do casamento. As Escrituras nos falam pouco sobre esta compreensão da sexualidade de Jesus, mas os ensinamentos bíblicos nos dizem que “era necessário que se tornasse semelhante aos seus irmãos em todos os aspectos”, e que “ele mesmo sofreu quando foi tentado”, e que “como nós, passou por todo tipo de tentação”, isto sugere que Jesus adentrou no âmbito da sua sexualidade como homem, “porém, sem pecado” (Hebreus 2:17; 18; 4:15).
Nossa sexualidade é expressa, mas não reduzida às experiências sexuais do casamento. Todas as pessoas são seres sexuais enquanto gênero, feitos unicamente em corpos femininos ou masculinos, seres que contém sensações, desejos e capacidades emocionais e cognitivas de seu gênero.
Gênero é apenas uma das facetas da sexualidade e o gênero em si é construído através das dimensões biológicas, psicológicas, emocionais e relacionais.
 
3. Somos relacionais
O livro de Gênesis nos ensina a pensar na natureza humana como fundamentalmente relacional. O Criador julga que o primeiro homem está incompleto, apesar de viver em um ambiente perfeito, com o trabalho perfeito, em um relacionamento perfeito com o Deus Trino (que é em si, relacional).
“Não é bom que o homem esteja só”, disse Deus (Gênesis 2:18) e Deus então criou para ele a parceira perfeita. O homem reconhece como a mulher pode completá-lo perfeitamente e Deus afirma isto quando descreve esta realidade: “por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:24).
O amor romântico então se torna uma maneira importante de experimentar esta realidade relacional. Nós experimentamos isto também através da relação entre pais e filhos, nas amizades e outros relacionamentos. Isto é parcialmente baseado em nossa sexualidade. Ser sexual é estar incompleto e esta falta nos move na direção dos relacionamentos. Depois da Queda, nossa experiência humana é a de que nossos relacionamentos, com Deus e com as pessoas, são relacionamentos fraturados. Se o primeiro pecado humano é o orgulho de sua autosuficiência perante Deus, nossa sexualidade carrega testemunho contra nossa mentira, uma vez que nossa biologia afirma que não somos auto suficientes, que não podemos escapar da necessidade de uma relação com o outro. Solteiros ou casados, sabemos que fomos feitos para relacionamentos.

4. Somos feitos à imagem de Deus
Catherine Beckerleg, uma colega na Wheaton College, relata que Deus criou todas as criaturas dos mares e os pássaros do ar de acordo com seus tipos, que os animais silvestres vivem de acordo com suas espécies. Mas Deus não criou os primeiros humanos de acordo com suas espécies, mas os criou da espécie, da maneira de Deus – à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:21;24;26).
As culturas próximas a Israel na Antiguidade usavam narrativas sobre a criação para estabelecer os sucessores do rei das tribos. O objetivo era a exclusão: o rei era parte da família divina e seus súditos não. Que inversão de valores temos no Gênesis! Ele estabelece uma linhagem real e divina de toda humanidade. Somos realeza! Somos filhos de Deus. Ser moldado à imagem de Deus também significa que somos capazes de exercer domínio, que temos capacidades morais, relacionais e racionais. Se todos os humanos são feitos à imagem de Deus, assim também são as crianças que não nasceram. A sexualidade parece estar explicitamente conectada a viver à imagem de Deus. Nenhum trecho reflete mais claramente esta afirmação do que Gênesis 5:1-3, no qual se encontra a declaração inclusiva a ambos os sexos e a toda a raça humana: “Quando Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez, homem e mulher os criou. Quando foram criados, ele os abençoou e os chamou “Homem”, e em seguida encontramos o relato de que Adão “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem”.
A maneira com a qual o trecho de Gênesis 5 reafirma a linguagem de Gênesis 1:26 é impressionante. A concepção e o nascimento de um filho para o primeiro casal é paralela à maneira com que Deus se tornou pai dos primeiros humanos. A imagem de Deus não pode ser reduzida simplesmente à procriação, mas o ato da procriação humana é uma das partes do que significa ser à imagem e semelhança de Deus.

5. Estamos quebrados e pervertidos
Até agora, tudo estava bem. As verdades básicas acerca de nossa sexualidade são positivas. Mas esta não é a imagem completa. A humanidade está quebrada e em rebelião contra Deus. Isto não erradicou a bondade primária da natureza humana, mas impôs novas condições para a experiência humana. Geralmente pensamos sobre os pecados como atos de desobediência, mas o próprio pecado demonstra a fragilidade do nosso ser e suas manchas de decomposição e ruína. Nossa liberdade está limitada por nosso “vício” em coisas que são menores do que a completude e a bondade do que Deus deseja para nós. Esta limitação aponta não apenas para nossa rebelião contra Deus, mas também para uma força do mal que atua fora de nós. Nossos desejos sexuais estão baseados em nossas boas capacidades para união, amor e prazer, mas estão sempre maculadas pelo egoísmo, sensualidade (apetites sexuais desconectados dos propósitos transcendentes) e o desejo de dominação.
Esta é a razão pela qual experimentamos conflitos profundos em nossa sexualidade. Temos conhecimento da bondade do potencial e da realização de nossa natureza sexual, mas não experimentamos esta bondade de maneira pura. Ao contrário dos teóricos da sexualidade que trocam o que é por aquilo que deveria ser, nossas fraturas nos alertam que podemos aprender sobre a nossa natureza humana ao observar nossa sexualidade.

6. Encontramos realidade objetiva quando fazemos sexo
Os contemporâneos do Ocidente acreditam que as relações sexuais adquirem o significado que trazemos a elas. O sexo pode ser um ato de amor e devoção ou uma mera liberação física, uma transação comercial, dependendo da intenção de quem age. Nós pensamos que o sexo significa aquilo que queremos que signifique, o que quer que seja.
Philip Turner argumenta que se acreditamos que a relação sexual não tem um objetivo significativo, então apagamos todo o significado moral. A relação sexual se torna apenas mais uma maneira de conquistar os desejos. Assim, os atos perdem seus valores morais, apenas os fins podem ser julgados. Seguindo a tradição apostólica, Turner argumenta que a relação sexual cria uma união de uma só carne. A questão da criação, os ensinamentos de Cristo sobre o divórcio e passagens como 1 Coríntios 1:6-7 nos ensinam que Deus idealizou a relação sexual para criar e sustentar uma união permanente, de uma só carne, em uma relação para casados: homem e mulher.
O fato de que a relação sexual cria uma união de uma só carne desafia profundamente nosso individualismo. Este não é o único desafio. Aprendemos do apóstolo Paulo que a união do casamento dá testemunho de algo maior do que o próprio casamento (Efésios 5:32): todos os cristãos participam de um corpo místico, que é verdadeiramente o corpo de Cristo (1 Coríntios 12) e a consumação da história não é a redenção de um grupo de indivíduos, mas o casamento entre o Noivo (O Cordeiro) e sua Noiva (coletiva e singular). Isto revela uma identidade coletiva que nenhum de nós pode compreender profundamente. Há mais no sexo do que podemos enxergar.

7. Somos almas em construção
Quem somos realmente? Para responder a esta pergunta, precisamos compreender se nossa identidade é algo que nos foi presenteado e descobrimos ou se é algo progressivamente construído. Os dois competidores na área da sexualidade – naturalismo evolutivo e formação de identidade pós- moderna – nos apresentam suas respostas.
Naturalismo diz respeito a total descoberta – somos o que somos – e o que descobrimos é que não somos muita coisa e não somos tão importantes. Não nos surpreendemos ao ver tantos lutando com o desespero. A formação de identidade pós-moderna diz respeito a uma total formação progressiva – somos aquilo que fazemos através das nossas vontades. Muitos acreditam que a sexualidade, nas palavras de Turner, “define de muitas maneiras a profundidade do ser” e que nossa sexualidade é fundamenta no processo de descoberta do “poder e das habilidades em descobrir, desenvolver e exercitar-se ao longo da vida”.  Em seguida diz que “a negação da sexualidade é a negação do ser, da identidade mais básica”.
A visão cristã da pessoa nos leva a uma direção diferente: a verdadeira identidade é descoberta e formada. Nossa compreensão acerca de nós mesmos começa com a realidade das nossas vidas, significados revelados por Deus e trabalhados em nossa comunidade real. Além disto, nossa identidade está baseada em visões de realidades objetivas para além de nós mesmos, visões de virtude e bondade além de nossas habilidades. É aqui que incluímos nossa formação: à luz do que descobrimos sobre nós mesmos, fazemos escolhas que nos moldam. Nossa sexualidade tem significados e implicações que existem independentemente do que podemos pensar que queremos dizer com nossas ações. Formamos nosso ser enquanto respondemos a estas realidades objetivas e buscamos (ou deixamos de buscar) as virtudes intrínsecas. Obediência e desobediência nos marcam e nos moldam. Existe uma natureza no ser. Parte do ser é descobrir quem somos. Parte desta realidade objetiva é nossa sexualidade, um dos melhores presentes de Deus.
A formação do ser de maneira apropriada acontece quando somos submissos a Deus, que nos transforma conforme obedecemos à sua vontade revelada e nos alegramos em uma relação com o Salvador que vive em nós e nos molda. Uma pessoa que é apenas descoberta não se desenvolve totalmente e é empobrecida. Uma pessoa formada de maneira autônoma longe de Deus é empobrecida e subdesenvolvida da mesma forma. Uma pessoa descoberta e então formada através do processo de morte do pecado e do alto custo da obediência a Deus, processo este doloroso, de humildade e intimidade, torna-se mais confiante e real. D.H. Lawrence descreveu precisamente a cura para nossos distúrbios: “Os homens são livres quando obedecem a uma voz interna e profunda de uma crença. Obediência no íntimo, de dentro para fora. Os homens são livres quando pertencem a uma comunidade de fé, de vida, orgânica, ativa em preencher as lacunas e os propósitos tantas vezes despercebidos... A Liberdade na América teve seu significado distanciado da quebra das garras de um domínio. A verdadeira liberdade só começará quando os americanos descobrirem a profundidade integral do ser”.
Lawrence estava certo quanto a isto. O eticista Gilbert Meilaender acrescenta: “Ser humano...é aprender a viver e amar dentro dos limites – os limites da nossa encarnação, nosso corpo, nossa vida mortal, os limites daqueles que se abrem para Deus. É para reconhecer e honrar este lugar específico – entre as bestas e Deus – que ocupamos nosso lugar na criação”.
A Igreja Cristã tem ensinado corretamente que a sexualidade é crucial para a compreensão do ser, da pessoa, e da ética sexual na formação da pessoa. Temos defendido a vida humana como preciosa e criada à imagem de Deus. Somos confrontados com um enorme desafio de tentar testemunhar efetivamente a uma cultura secularizada na qual as pessoas estão viciadas em pensar em si mesmas como seres autônomos que podem ser criados à sua própria imagem. Somos desafiados a testemunhar pela vida em uma cultura que parece abraçar intencionalmente a morte. Precisamos viver na tentativa de entregar as pessoas o que nos foi entregue: a revelação verdadeira do Deus vivo. É basicamente através da sua Palavra Viva que compreendemos o quanto a humanidade está quebrada e onde está a cura.
 
Por Stanton Jones  - professor de Psicologia na Wheaton College. Junto a sua esposa Brenna, já escreveu quatro livros na série de educação sexual para famílias cristãs que foi publicada pela NavPress.


Fonte: Cristianismo Hoje
 

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