Num dos programas humorísticos da Globo havia um personagem sui generis, o “SEVERINO”, um “QUEBRA GALHO” que fazia de tudo para agradar e atender ao diretor, na falta de um componente qualquer lá estava ele. O “QUEBRAGALHO” Severino é convocado a se postar no lugar do objeto para não atrasar a gravação. O porteiro se desmanchava ao saber com quem iria contracenar.
Hoje, diante da falta de uma religião séria e estabelecida sobre a égide da verdade, de um cristianismo confiável e de um líder que represente os anseios daquilo que ensinam as Escrituras, surgem no mercado da fé diariamente os famosos “QUEBRA GALHOS”, as bocas de drogas religiosas que incentivam o consumo de produtos falsificados, produzidos à base de enganos, mentiras, ilusionismos, misticismos, feitiçarias e coisas semelhantes.
A religião “QUEBRA GALHO” é movida a “SHOWS” e “ESPETÁCULOS” onde prevalecem quantidade e não qualidade, onde o que predomina é o poder do curandeiro, ou melhor, do especialista em ludibriar multidões, o famoso “ANIMADOR DE AUDITÓRIO”. Hoje o que não falta no mercado religioso são estes tais raizieros, sujeitos espertalhões que oferecem facilidades como um lenço abençoado em troca da fé dos que não se preocupam com as questões espirituais.
Vale ressaltar que entende-se por religião a crença na existência de Deus bem como forças sobrenaturais que influenciam na vida do homem. Na filosofia, a religião é estudada especificamente na tentativa de se compreender a existência de Deus, a criação de todas as coisas, o pecado, a justiça, a redenção e o perdão. Alguns acreditam que a religião é uma invenção cultural feita para proteger o homem de seus medos, para explicar fatos que não são esclarecidos, para manter a esperança de vida após a morte, para consolar e ainda para manter o controle sobre a vida das pessoas.
Desde os pré-socráticos que a religião é fortemente criticada pelos filósofos, pois achavam tolice a idéia de deuses bem como as qualidades e propriedades a eles atribuídas. As críticas ainda se concentram na crença de um ser supremo que impõe regras e no verdadeiro conhecimento de Deus. Vários filósofos buscaram harmonizar a ciência filosófica com a religião utilizando relações práticas e significativas.
Crendice, para quem não sabe ou finge não saber, é uma crença incongruente e insólita, gerada pelo medo doentio de pessoas que possuem religiosidade exaltada, mas com baixo nível espiritual. Põe baixo nisto. O medo é o grande gerador dos “CRENDEIROS” deste século. Medo do inferno, medo do Diabo, medo do purgatório, medo de pecar, medo de ser perseguido por espíritos inferiores, medo de feitiço, medo de macumba, etc. Todas essas fobias criam pessoas crendeiras e supersticiosas e, concomitantemente, um sincretismo de crenças, engendradas para transformar pecados em virtudes. O CRENDEIRO paga para receber qualquer coisa de Deus. O CRENDEIRO é um fabulador. Sente surgir de tudo que o cerca um mistério atemorizante, um temor doentio que o faz viver num arrebatamento de dúvidas acerbas, em tudo descobre um mau presságio, porque em tudo acredita a seu modo. Se o Pregador falar, tá falado e não se discute. Na ânsia de obter favores dos santos de sua afeição e de espíritos protetores, na persuasão de tanger o mal que ele mesmo cria, o CRENDEIRO gera uma crença subjetiva. Ele doa, se for necessário ou não até a cueca para sustentar as mordomias de quem o escraviza com mentiras e ilusões.
Desde o primeiro capítulo, o Evangelho de Marcos mostra como a ação de Jesus pode ser conhecida, mas não entendida em profundidade. Iniciando por Cafarnaum, com as curas, a fama de Jesus se espalha pela Galiléia. Ele vence a tentação da popularidade e deixa Cafarnaum para pregar e agir pelas aldeias da Galiléia. Ou seja, enquanto todos o procuram, Jesus se retira, pois é Ele quem vai à procura das pessoas. Hoje, com este evangelho medíocre e sem respaldo das Escrituras, são as pessoas pobres de conhecimento que correm atrás de vigaristas e de espertalhões na busca de algo que possa saciar a sua sede por prosperidade e por facilidades aqui e agora. As multidões sustentam R.R.Soares, Edir Macedo, Valdemiro e seus similares. Homens se escrúpulo algum que vivem da roubalheira e da falsificação da verdade. Mercenários que usam o cristianismo como fachada para lograrem êxitos nas suas investidas contra a fé do povão.
No texto citado, ele mostra que o mestre bem conhecia a vida do seu povo. Povo doente, dominado por forças maléficas – conhecidas então como “DEMÔNIOS”, ou seja, todas as amarras e opressões que impediam às pessoas serem elas mesmas. Jesus tem poder sobre o mal e restitui às pessoas a dignidade perdida, a liberdade roubada.
Lamentavelmente os evangélicos modernos não são eles mesmos, são aquilo que mandam que sejam, eles não possuem opinião própria, são instruídos a falarem aquilo que seus mestres mandarem. A esculhambação é geral, basta pegar um destes vendilhões da fé pregando e comparar o que falam com o que a Palavra de Deus ensina. Não há como não perceber que eles são falsários, mentirosos e prepotentes.
Compreender em profundidade a sua ação é superar a religião do QUEBRA-GALHO, aquela que transforma Deus num RESOLVE-PROBLEMAS de emergência para situações que nós mesmos criamos. Porque, ao querer transferir para Deus a solução de nossos problemas, jogamos para Ele responsabilidades que são nossas. Quem criou a fome, a miséria e a injustiça no mundo? Se o ser humano as criou, é dele a responsabilidade da solução. Deus não acabará magicamente com a fome do mundo, mas com a fé nele nós podemos nos responsabilizar socialmente e espiritualmente com a construção de relações solidárias e fraternas. Deus pode nos ajudar a superar a enfermidade, mas cabe a nós eliminar situações que causam tantas doenças.
Se Jesus venceu a TENTAÇÃO DA POPULARIDADE, fica para nós o desafio de vencer a tentação da religião do QUEBRA-GALHO. A missão de Jesus é libertar o ser humano de toda espécie de DOMINAÇÃO que o mantém preso e o impede de ser sujeito da própria história. Missão que recebemos como discípulos. A sogra de Pedro, libertada, põe-se a servir. E nós, quão livres somos e quanto serviço prestamos aos outros? Nossa religião é a religião da liberdade e do serviço, da fé e da responsabilidade ou é um mero “QUEBRA GALHOS”?
A verdade é que os crentes do século XXI estão agindo da mesma forma que os seguidores de Cristo, eles estão de olho no ”PÃO” e no “PEIXE”, mas não estão nem um pouco preocupados com a essência da mensagem que lhes é pregada, se é que tal mensagem possui algum conteúdo aproveitável.
por Carlos Roberto Martins de Souza
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